Mais uma vez dei de cara com a morte!
Agora, não sobre mim, mas sobre outrem.
Alguém havia ceifado a própria vida.
Era como se a morte me convidasse para mais um, de tantos, chás que já tomamos.
Era um encontro indireto, disfarçado, mas era a morte em minha frente.
Levar a alguém a notícia da morte vindoura, é quase morrer junto.
É você ver a pessoa se reduzindo à dor e, quase sempre, a uma culpa que não existe, mas a gente insiste em dizer “e se…”?
E se eu estivesse em casa, e se eu voltasse mais cedo do trabalho, e se eu ligasse pra dizer te amo, e se eu passasse mais tempo perto? São tantos “e se…”, que não há como prever e nem como interromper.
Algumas dessas partidas até podem ser evitadas, as minhas tinham como e eu evitei, só que tem outras que não há o que se fazer. Elas acontecerão, é só uma questão da primeira oportunidade, e não há como antever a prioridade de quem quer criá-la.
O chá com a morte não tinha nada a ver comigo, mas sempre que ela dar o ar de sua graça, toca em mim, num lugar de quem entende o sofrimento e o desespero para alguém decidir partir.
É com essa experiência que, hoje, não consigo ter paz, não consigo tirar as imagens da minha cabeça. É com a dor por ver a dor de quem ficou e, infelizmente, ainda não enxerga que não teve culpa, que eu tento botar a cabeça no travesseiro e luto, incansavelmente, pra tentar achar paz e poder dormir.
O sono dos justos perturbado por dar de cara com a morte outra vez
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