domingo, 10 de abril de 2016

Fragmentos de um ser anônimo de outro estranho.

Aracaju, 10 de abril de 20...

Desde terça, eu não tomo mais remédios.
Aliás, levo apenas da faixa preta.
Passei da faixa vermelha.
Um ano e meio depois, a linha,
que antes era tênue, inclina-se
e o final, que aparenta ser em breve, é sem fim.
Há uma inacreditável vontade de sair.
Há uma absurda culpa em partir.
Já partiram, algumas. E delas, a dor da ausência chegou.
Partiu outro. Mas dele, quase 9 meses depois,
o cérebro perpetua em não crer na saída.
Há diversos conflitos, entre o fim e tudo que fomos vividos.
Mente que ainda insiste em querê-lo. Em querê-lo perto.
Mas sabe que a insistência parte da necessidade de ter um porto.
De ter seguro em mim, quem aceite dividir, jamais, solucionar.
Dentro de uma tempestade, não dá para enxergar a bonança.
Às vezes, quem está ao seu lado, e de fora, é quem enxerga.
Faz falta ter quem enxergue e te fale que a bonança chegará.
Não é falta de amor próprio. Não!
Isso a ciência psicoterapêutica, me garante.
Mesmo que a garantia seja em sua ausência.
Tantas ausências sentidas, doídas, e perdi luta com a faixa vermelha.
Nessa luta, nesse tatame, não foi eu quem ganhou.
A preta já entrou no ringue.
Só que a vermelha não permite a revanche.
E há a raiva que nisso se propaga. Instala-se, finca-se!
Raiva. Raiva. Raiva e, mais raiva.
Dolorosa raiva. Dolorida carne.
Carne arrancada por uma, três, duas, três, uma partidas.
Um local seguro, do qual não desfruto mais.
E hoje, onde aporto, são nas entranhas do meu corpo.
Onde me resguardo.
Onde te enfrento.
Onde te ataco.
Onde te mato.
No hemisfério direito da delicadeza de puras emoções,
sorrisos simpáticos, olhares profundos, pensamentos uivantes.
Meu corpo é fumaça que se esvai no ar.
Nove meses se passaram.
A enxurrada só vai começar.


Antes que eu morra,






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Havia esquecido o alívio da escrita.