quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Lut(and)o

Mais uma novela, mais um luto,
mais uma persona taxada de louca.
Antes um 'César', agora uma 'Branca'.
É curioso, irônico, diria eu, sarcástico,
cruel, na verdade, doloroso,
quando nos identificamos com o sentimento
do próximo, mesmo quando esse próximo
seja apenas uma persona fantasiosa,
criada por um período de algumas horas,
ou por alguns meses, televisionada em rede nacional.
Só que o mais terrível de tudo isso,
é ver o quanto as pessoas são intolerantes
com o luto alheio. Esquecendo elas,
que esse sentimento é passível a todos, inclusive às próprias.
Somos taxados de loucos por vivermos nossa triteza,
ridículos por sofrermos um sentimento necessário
à uma libertação tão desejada e bastante penosa.
O luto é vivido em 5 partes:
a negação; a raiva; a negociação; a depressão e a aceitação.
Se há 5 etapas, sendo que cada ser humano leva seu tempo
para vivê-las, porque crucificar alguém por seu sofrimento?
Lembre-se, amanhã pode ser você a viver o luto.
Não condene, não ataque, não desmereça, não disfaça
de quem sofre seu luto. Não é uma fase fácil de se viver.
Viver o luto é bem len...to.
Apenas compreenda, aceite. Se não quer ver o sofrimento alheio, afaste-se.
Mais vale pessoas afastadas, do que uma reunião delas nos atacando.
O luto é dos Césares, das Brancas, dos Ricardos, das Carolinas,
das Vivians, Vivianes, Marias, Joãos, Mários, Izabelas, Izabéis, Caróis,
Carlas, Marcos, seu, meu, dela, de todos.
Há quem viva mais intensamente, há que disfarce o seu,
há aqueles que se curem logo, há os que jmais se curarão, enfim.
Sofrer não é loucura, afinal há quem opte por sofrer, para se refazer.
Respeite o luto alheio

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Que a tristeza humana não levante falso testemunho.
Que a dor humana não agrida o próximo.
Que o amor ferido não seja o motivo de um genocídio.
Que o acalanto acalme as almas e os corações alados.
Que o sentir não destrate quem ousa abrir seu sofrimento,
e se mostra frágil a quem confia e acredita que nessa confiança
se pode crer em afago e compaixão pelo próximo,
mas que dele só vem espinhos hesitantes e perfurantes.
Que o direito em sentir dor, não perfure e destroce o próximo,
que um dia jurara amor eterno e que por um sofrimento,
não pode comparecer à essa eternidade.
Mas quem sois vós a julgar? Ninguém!
Cada um fere e é ferido em seus amores.
Jurei não falar de amores, mas o amor dói e precisa ser dito.
O luto é BEM len...to
e essa lentidão mata cada célula de seu corpo.
Te falta ar, a ultima molécula de oxigênio
foge do teu alcance, desaparece no clarão
do sol a pino do deserto que seca tua boca,
desgasta minha garganta, craquela meu interior.
Uma lentidão, uma calmaria, um segundo que morre,
outro que arranca um suspiro, o ultimo suspiro, o que estraçalha.
O gás carbônico começa a dissipar,
em Paris só resta uma forte chuva ácida,
as nuvens devem cessar, a dor deve findar,
a vida, fincar.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Afirmei não falar de amores.
Mas percebo que de amor vive-se,
respira-se, deseja-se, se quer, fala-se.
Hoje eu falo, anuncio, grito, berro,
choro, esbravejo, sinto.
Um amor tão intenso, com todos
os rumos prontos para o sucesso,
beirando a incerteza, o medo,
de um passado cheio de tortos caminhos,
impedindo o sucesso de um sentimento
forte, agora seguro, a postos,
no entanto, cheio de teias escuras
de um inconsciente velocista e atroz.
Um futuro que só se faz presente,
no máximo, ao amanhã, que esbarra
nos ontens, que não se fazem os depois.
Difícil aceitar isso. Bastante doloroso isso.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014





De tantos óbitos por aspiração de gás carbônico,
máscaras de oxigênio já não resultam em salvamento.
Paris está um caos.
Seus transeuntes correm de um lado a outro.
São inúmeros caminhos como opções a seguir,
mas nenhum deles os leva à salvação.
http://paris.parsons.edu/wp-content/uploads/2013/02/FRANCE-PARIS-Directional-Signs-copy1_50.jpg
Não há saídas para o caos instalado.
Ou ao menos, não parece ter saídas.
Parisienses tentam, lutam, correm, mas não as enxergam.
Onde estarão as saídas? Onde estarão os caminhos?
Onde estará a salvação da bela e tranquila Paris?
A única forma, aparente, de não vir a óbito,
deve ser tentar captar a última molécula de oxigênio
que ainda pode restar no ar dessa cidade.
Saudades da Paris tranquila e solitária.

Paris está tão atordoada,
com um emarenhado de pessoas,
com idas e vindas, subidas e descidas,
oscilações e transformações
que palpitam os seres tranquilos e
estão em uma órbita externa à dela.
É tanta gente, são tantas pessoas
que resolveram desembarcar por cá,
que, de repente, passaram-se
haver congestionamentos sanguíneos,
corpóreos, emocionais, lacrimais,
sudoreses, enfim, até mesmo os transitais.
É tanta liberação de gás carbônico de uma vez só,
que a concentração do mesmo
extrapolou o limite esperado para todo o ano.
O gás letal, à saúde humana parisiense,
tem sido exalado tão fortemente e tão concentrado,
que adentrada os alvéolos humanos,
gerando a mortandade dos pulmões de quem ainda
tinha uma breve esperança de viver.
O resultado é uma terrível sensação e certeza
de sufocar aos poucos, ou pior, sufocar rapidamente,
com acréscimo repentino de angústia,
que vai atacando os demais órgãos humanos,
causando o desespero cerebral, levando a óbito.
A asfixia é a pior morte.
Você toma consciência da falência múltipla de seus órgãos,
do quanto cada parte de ti vai parando, lentamente,
de obedecer aos seus comandos,
ao passo que tudo acontece de maneira rápida,
o ar vai te faltando instantaneamente,
ele se vai de segundo a segundo,
como se o tempo nunca terminasse.
Paris está morrendo sufocada. Chega de turistas!