quarta-feira, 7 de março de 2018

"Eu sou só, mas não sou só isso!",
certa feita me falaram.
Sou só, não sou só isso, e sou um.
Apenas, um!
Moinho que gira hélices,
um grão empurrado pela ventania,
um.

A solidão solitariamente povoada
e pública publica, com rajadas de oxigênio,
a busca incessante por tal elemento químico
que persiste a faltar-me nessa deliciosa dança,
que há, em cada homem, dois bailarinos.
O direito e o esquerdo.

Solidão tão povoada de sós,
que energiza as raízes fincadas,
em solo arenoso invadido por ventos
ventados que escoam pelos dedos dos mesmos moinhos.

Ah, como é bom ser só, ter a vida só,
pois a companhia alheia soma-se e
à sua solidão solitária sozinha repovoada,
mantém-se só ao teu lado, numa eletrizante alta tensão.














(Foto: Fotografia UFS)