domingo, 2 de setembro de 2018

Eu só tenho existido, e existir me cansa, me mata.
Há mais de 30 dias, eu não vivo.
A ansiedade me consome, me destrói.
Aliás, há mais de um ano, ela me persegue.
Acaba meus dias, engorda meu corpo.
Viver naquela oscilação entre exercer o que se ama,
mas com prazo de validade a expirar... não é vida, é sobrevida.
Estou cansado de existir. A existência me dilacera, a vida para.
Eu não sei ser metade, mas essa metade não se completa.
Dói a falta de completude. Ideações me perseguem!
A solidão tem me afundado.
Mas como? Eu sou só, mas não sou só isso.
A tenho bem resolvida, mas a falta de um porto, naufraga.
Estou sem porto, estou sem âncora.
Onde estás? Quem sois? Volta!
Lá do fundo, ouço meus gritos, ouço meus apelos.
Gritos me chamam, apelos me imploram.
Estou surdo!
A densidade da água ensurdece, o silêncio é ensurdecedor.
Grito! Não há quem ouça, não há como me ouvir. Não me ouço!
Ansiedade que tanto persiste, acalme-se, por favor! Necessito viver!
Ouço as bolhas de ar papocarem nesse profundo rio interior.
Falta-me ar! Falta-me oxigênio.
Queria ser um peixe. Sou um possível fracasso? Talvez!
Hoje, não me há esperanças. Amanhã? Quem sabe!
Avisto terreno arenoso submerso em mim.
Tenho chegado ao fundo. Por hoje, desisto.
Hora de descansar!