quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

I will surviver, literalmente(!)?

Desde sexta passada, os dias têm apertado meu juízo.
Já tive crise de pânico, outras vezes.
Cheio de pontos, mesmo.
Porque a cada frase finalizada, é uma morte aproximada.
Prostituição, sexualidade e gênero, são temas sempre problemáticos.
Mas você precisa mencioná-los, junto à violência contra mulher,
o machismo, feminicídio e outros,
pois a BNCC determina-os como temas transversais.
Dentro dos seus conteúdos, você precisa abordá-los,
como forma de transformação social.
O prefixo "trans" causa tanto incômodo,
só por significar mudança.
Uma sociedade fóbica só por um prefixo.
O negócio é que ele representa pessoas, comunidade excluída,
marginalizada e assassinada.
Ele representa uma expectativa de vida de 35 anos,
de uma população que é tão abusada pela família brasileira.
Discretamente, eu fui podado.
O problema é que discrição não é comigo.
Não admito essa palavra, não sou discreto,
já saí do armário.
Na real, o meu sempre esteve escancarado,
mas quebrei suas portas.
Sou professor e reconheço a importância
social e moral da minha profissão.
Não admito ser podado,
quando tento desconstruir heranças fóbicas.
O papel da Arte é criticar e desconstruir sociedades,
para fazê-las enxergar que não há porquê
de fobias, e, então, fazer seres conscientes de si e dxs demais.
Pode parecer, a muitos, algo simples e que não
precisa se deixar ser tão afetado,
mas a coisa velada, dói tanto quanto a escancarada.
Entendo que todas as outras coisas que
rodeiam minha cinesfera, são tão pavorosas,
além de um cansaço extremo e sufocante,
por um final de ano letivo que não chega ao fim.
Acabei de lembrar. É um desejo pelo fim de 2019.
O pior dos últimos piores. Precisa findar.
A esperança precisa se instalar,
mesmo que seja a primeira a matar.
Não consigo usar metáforas.
Saudades da minha época metafórica.
A ingenuidade acabou, quando floresceu a pancadaria adulta.
Preciso registrar, diretamente, cada respiração ofegante,
cada sensação de falta de ar, de pressão torácica.
(o que anunciava um desenrolar de lágrimas, está oco)
A dança reconecta meu instinto com meu ser.
Preciso dançar.

Nenhum comentário: